quinta-feira, 1 de maio de 2008

Diálogos de Uma Confissão! Parte Sexta


Ano novo, e poderia ser uma vida nova também?

Ola, diário.
Estamos em um novo ano, e como sempre, estou pensando em todas as coisas, mas hoje diário, não quero ficar sendo retórico, ou até mesmo forçando palavras que poderiam me ajudar em todos os processos de minha vida.
O natal aqui em casa diário, foi normal, claro que sempre tem aqueles parentes que chegam e ficam perguntando sobre a nossa vida, e como estamos no colégio. É assim mesmo, eles acham que eu ainda estou no colégio, diário, da para você?
Mas nem ligo pra eles não, gosto deles e tals, mas agora querer entrar na minha vida, que isso? Nem meus pais que tem o total e absoluto direito disso não ficam me fazendo perguntas indecorosas, fala serio?
Agora, já a virada do ano, diário, nem te conto, tanta coisa aconteceu naquele dia, que fica muito complicado eu te contar todos os detalhes daquele dia, mas que foi perfeito, ah, isso foi mesmo, eu ainda não estou me agüentando dentro de mim, e logo que cheguei em casa, pulei na cama e fiquei pensando e pensando, como sempre com tudo o que acontece na minha vida, cheguei rindo de tudo e todos, inclusive o que aconteceu comigo, eu realmente não estava acreditando.
Tenha calma diário, não precisa ficar tão nervoso comigo assim não, eu já vou te contar, é que são tantos pensamentos juntos dentro de mim agora que não consigo não compartilhá-los com você.
A festa de virada do ano foi na casa da Patrícia, amiga minha de faculdade, algumas pessoas que estudam com a gente estavam lá, nem liguei pra isso, eu queria mais era me divertir, dançar a noite toda e simplesmente esquecer de tudo, claro, né diário, eu sempre tento esquecer as coisas que acontecem, dos sentimentos que tenho, assim fica mais fácil pra mim, ficar melhor, porque assim não preciso envolver ninguém em meus “problemas”.
Então, vamos encurtar todas as palavras que estão na minha cabeça agora, por favor?
A festa começou e eu cheguei absurdamente cedo, ainda mais que tinha que ajudar a Patrícia com algumas coisas da festa, e conversarmos também, o que sempre fazíamos de melhor, conversar.
Uma hora antes da virada, quem me aparece na festa, diário?
Ele mesmo, o próprio, exatamente ele, vestindo uma calça branca, detalhe, ele estava usando uma blusa vermelha, praticamente igual á minha naquela noite, poderia ser isso possível?
Fiquei completamente gelado, diário, eu não sabia o que fazer, o que pensar, fiquei chocado diante da imagem. O problema foi que ele tava com a mesma pessoa que estava naquele dia que te contei, poxa! Meu mundo praticamente caiu na hora, mas não demonstrei absolutamente nada, é claro, não sou uma pessoa de demonstrações.
Depois que ele cumprimentou todos que conhecia, chegou até á mim. E pensei, pronto, é agora que tudo vai acabar de derramar, e ele começou a conversar comigo.
“- Ola, como vão às coisas?
- Vão bem, obrigado, melhor é impossível, e com você?
- Estão indo também, mas acho que poderá ficar melhor ainda, isso é coincidência? Estamos com a mesma roupa?”
Olhei para as camisas, e deu um sorriso meio sem graça, claro né, diário. Eu não sabia o que dizer e muito menos o que fazer, as coisas estavam saindo do meu controle total, e detesto quando elas saem do meu controle, odeio mesmo. E continuou:
“- Por que não me ligou mais?
- Porque achei que não era necessário, a gente vai se ver no semestre que vem mesmo.
- Pensei que você queria continuar conversando comigo, depois das aulas terminarem, você não quer isso não?
- Não sei, você quer que isso aconteça com a gente?
- Eu quero muito mais coisas do que você possa imaginar e pensar, mas você não esta me dando brecha para que elas aconteçam, fica se esquivando a cada momento que temos para conversar, e a cada dia penso que quem não quer isso é você.
- É pode ser, não tinha observado isso ainda não, mas por que ta perguntando?
- Você se lembra daquele dia? Que eu fui pro barzinho que te falei? Então, conversei com a minha amiga, aquela que ta conversando com a Patrícia agora. (levantou o dedo e fez um aponto a garota). Então, daí ficamos a noite falando sobre o que eu estou sentindo e ela me contanto as suas historias também.
- E o que eu tenho a ver com tudo isso?
- Lhe digo. Você é a peça fundamental em tudo, nos meus sentimentos, nos meus pensamentos mais ainda, só isso, e queria que ficasse sabendo. Isso porque não paro de pensar em você, não consigo te tirar da minha cabeça, mesmo que eu tente, esta mais forte do que eu até.”
Pronto. O que? Isso saiu do meu controle realmente e totalmente, e o que eu faço agora? Como eu poderia responder a isso agora? Fiquei completamente estático diante do que tinha acabado de escutar. Como poderia isso? Estaria tendo um sonho ou alguém queria me pregar uma peça?
O fato é que fiquei completamente sem reação diante de tudo. Não consegui falar mais nenhuma palavra e ficamos ali mesmo, por alguns minutos calados, sem nos dizermos nada em especial.
A hora da virada estava chegando, e continuamos olhando um para o outro, até que Patrícia e sua atual amiga Aline chegaram, e foi então que Marcelo, sim diário, esse é o seu nome, tudo bem, nunca contei qual era, porque achada que até agora não era necessário.
Ta bom, diário, não precisa me xingar todo por conta disso não, o importante é que agora você já sabe de tudo isso.
Conversamos todos os quatro juntos por alguns minutos até à hora da virada se aproximar mais ainda.
Patrícia e Aline já estavam próximas da sacada do apartamento de luxo de minha amiga, ah, o apartamento de luxo é totalmente por minha conta, porque Patrícia apesar de ter dinheiro, era completamente simples com as coisas e com as pessoas, nem parecia que o tinha.
Eu queria ver alguns fogos durante a virada, e a contagem regressiva estava começando quando as meninas já se encontravam na sacada como já havia dito, e daí, foi quando ele olhou pra mim e continuou com seu silencio. Tentei caminhar até a sacada, mas fui interrompido pelas suas mãos me segurando pelos braços, lógico, que eu também não consegui dizer nada, só conseguia olhar em seus olhos.
Então a contagem continuou...
Cinco... Não conseguíamos parar de nos olhar,
Quatro... Minha respiração já estava praticamente sei lá onde, nem sei mais,
Três... Meu coração estava batendo descompassado e o dele junto, parecendo uma coisa rítmica.
Dois... Tentei desviar meus olhos do dele abaixando a cabeça, mas foi inevitável, ele levantou o meu rosto e...
Um... Nós nos unimos em um beijo completo, ficamos festejando somente nós dois. E o que eu poderia fazer? Compartilhar isso dentro de mim, e junto á ele, deixando que o beijo fosse completamente inesquecível, não conseguia parar de sentir os seus lábios nos meus.
O que? Diário, por favor, não vai começar a estragar as coisas, e daí, o que aconteceu depois, dane-se, não me preocupo com isso não, o importante é que ele me beijou, e foi ele, completamente ele que tomou a iniciativa de fazer tudo, eu não precisei fazer nada.
Ah, diário, nem diante vir com todas essas perguntas, nem penso nisso no momento, to deixando as coisas acontecerem. Não diário, depois disso ele não me ligou, e quem importa agora com o telefonema? Fala serio! Ele me beijou, e daí! Agora vamos deixar as coisas acontecerem, ainda mais que ele agora ta viajando pra casa da avó, deixa ele voltar e vamos ver o que vai acontecer.
No mais diário, você já sabe, qualquer outra novidade eu venho aqui e te conto, vou indo nessa, pode ficar esperneando, não vou ficar te dando atenção com essas perguntas que não estão ainda sendo questionadas por mim, e qualquer coisa que você fale comigo, não vai adiantar, não neste momento totalmente de borboletas no estomago que estou sentindo. Até mais então diário.

Lilo Montreal
10/01/2007



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