domingo, 3 de setembro de 2017

Sentirmos -nos-ei


Sinto que meus pés irão perder o sentido de caminhar por algum tempo.

Sinto as palavras saltarem de mim sem comprometimento com uma noção de serem, apenas deslizam pelo encantamento e forma as coisas que nunca antes acreditei possuir.

Meu punho se desliza e costumeiramente meus dedos tocam o dedilhar das teclas que insistem em seu tilintar de sons desconexos.

Os sons penetram em meus ouvidos e sinto lá em meus profundos, o sentir das coisas.

Percorro com meus dedos as paredes manchadas, cores se apresentam meu globo, cheiros, fumaças, sozinho e não sei para qual cômodo vou.

Tenho tudo sobre controle, que nada, tenha nada absolutamente nada sobre o meu controle, controle que pesa, desconecta, desapega, inconstante.

Perguntas saem de minha boca profanando o imundo, o inaudível, o incontestável, cale a boca seu imundo, fique na sua, tenho tudo sobre meu controle, vozes, sonoras, musicas, detido, sentindo pena de mim mesmo, sem noção, numa boa!

Sinto meus sentidos se perderem, não penso, não crio, não sinto, apenas vazio, vagabundando, meditando, cuidando de quem? 

Raiva, grito porque calo os calos, me calo.E então amaldiçoo, respiro, calunio. 

Meus sentidos se perdem, ao longe longos sussurros, palavras, grito, repito, sussurros, ahhhh, vento, almejo, sentimento, caos.

Tento sonar as palavras, mas estou longe.

Estou longe de tudo.