sábado, 24 de maio de 2008

Diálogos de Uma Confissão! Parte Décima


Quando Você Vai Aprender?

Boa noite diário, não consigo me movimentar, minhas pernas por mais que tenham vida neste momento, estão paradas diante de um grande espelho em meu banheiro, meu coração bate totalmente descompassado, quero gritar, mas não posso, quero conversar, e não consigo.
Meus pensamentos estão hoje vazios por assim dizer, quero expressar as coisas que estão dentro de mim, mas ainda não sei como. As palavras se perdem em um pedaço de papel ou coisa assim. E sempre vem a minha pergunta clichê: “Por quê?”
Poderia ter sido tudo diferente, poderia diário, mas não foi.
Foi exatamente como eu estava prevendo, assim, de uma hora para outra.
Quero arrancar as lágrimas do meu rosto, mas esta sendo inevitável, elas teimam em cair, e ainda me pergunto por quê?
Sinto a pressão da água caindo sobre o meu corpo e tento esquecer, apenas esquecer todas as palavras ditas, e não ditas também. Tento acordar de um sonho, diário, apenas são tentativas esgotáveis, quisera eu que fosse assim diário, quisera eu, mas tudo é absolutamente a realidade, ela que esta se atrelando os meus pensamentos, aos meus sentimentos, a tudo o que esta acontecendo em minha vida agora.
E como faço para essa dor cessar? Não posso fazê-la simplesmente desaparecer, não posso, e ainda não vou conseguir, por mais que eu seja uma pessoa forte, ou que aparenta ter essa fortaleza dentro de mim, pelo menos era o que achava antes de tudo, antes das palavras torpes que foram projetadas em meus ouvidos e penetradas como uma lança em meu coração.
“Não quero mais nada com você.”, foi o que ele disse olhando dentro dos meus olhos, e virando as costas, e caminhando normalmente sem ao menos deixar que dissesse alguma palavra, e ainda me disse: “Eu nunca acreditei na gente, eu não gosto e não vou gostar de você, mesmo que eu tente.”, largou a minha mão, e simplesmente foi embora.
O vento então soprou os meus cabelos, meus ouvidos insistiam em não querer escutar, e o meu coração, ah, diário, o meu coração queria e desejava que isso não tivesse acontecendo, não daquela forma, não com aquelas palavras.
Então pensei baixinho comigo, sentado no meio fio, com a cabeça baixa e as lágrimas teimando em cair pelo rosto, meus pensamentos virando uma zona torpe de emaranhados, e foi assim, foi assim que eu pensei baixinho, bem baixinho: “solte a minha mão agora, você já me disse tudo o que havia a ser dito, as palavras por mais que estejam aqui dentro, me escapam por um breve passar de tempo, eu ainda quero você, e hoje não mais o conheço, não mais o sinto, e tento levantar a minha voz esperançosa, você ainda tem uma escolha, então, tome-a, escolha agora, são estas emoções que me tomam e me apagam, será que teremos alguma chance? Já sofri o bastante, o suficiente para dizer pelo menos uma vez, não! E não posso ficar aqui esperando para sempre, tenho que me levantar, tenho que pelo menos tentar, e livrar-me ao mesmo tempo de tudo, de todas as suas palavras, de todas as minhas, e posso fazer isso sozinho, e descobrir o que esta me impedindo de respirar facilmente e conversar. Quando vai aprender? Ainda não sei, o caminho às vezes pode ser claro, e às vezes se move rápido demais, e as pequenas fendas serão escaladas e então plantarei os meus pensamentos deixando que cresçam e que diminuam passo a passo, só para que eu possa me ver deixando-o e soprando-o para longe. Porque hoje eu quero me sentir melhor, mesmo a verdade sendo o meu hábito cotidiano e antes de saber que seja tarde demais. Estou chorando sim, choro pelo prazer de saber das coisas, e ando a pé pela colina, e desejo nada disso ter acontecido, e eu sei que não posso fazer tudo, todos os meus problemas me olham demoradamente, e penso com o passar das horas intermitentes, lamento com todas as forças dentro de mim me queimando por inteiro, mas sei que tudo não passou de aprendizado, sempre aprendo alguma coisa com isso, e a metade de mim continua sentada no meio fio, e a outra metade se levanta, e dá alguns pequenos passos, e continua seguindo em frente.

Lilo Montreal
29/07/2007

2 comentários:

roDRIGO C. disse...

Intensidade nos sentimentos, precisão no prosear. Além da melhora com o manuseio das palavras, a melhora do coração, que deixa cair as máscaras, levanta a bandeira da dor, através da libertação; buscando... enfim... redenção.

David Cejkinski disse...

Marcelo, mudei de blog:
www.corpopartido.blogspot.com
bjao